MUX GSE

MUX GSE Equipamentos de testes

O contrato MUX previa que a OPTO fornecesse todos os equipamentos de testes que seriam exigidos para a correta avaliação de desempenho e certificação da câmera.

Este requisito por si só era um desafio enorme. A MUX, por especificação era mandatória ser de arquitetura refrativa, e portanto seu desempenho, devido o comportamento refrativo das lentes, dependia da pressão atmosférica. Como iria operar no espaço, o seu comportamento no solo era substancialmente diferente daquele no espaço, e portanto todos os testes em solo deveriam prever esta variação “ar-vacuo”. Em poucas palavras a MUX tinha “hipermetropia” no solo.

Para este desafio uma serie de instrumentos deveriam ser utilizados.

Originalmente tais instrumentos seriam todos desenvolvidos por firmas especializadas no exterior. No entanto, houve severo embargo à venda destes para a OPTO, boicotes provenientes da lei ITAR e suas congêneres nos EUA e Europa. Vide capítulo sobre embargos e boicotes. O cronograma ficou em risco e a OPTO não conseguiu fechar nenhuma compra.

A OPTO solicitou e obteve aditivo contratual junto ao INPE, com a específica orientação de resolver este problema.

Com o aditivo contratual foi possível o desenvolvimento de todos os equipamentos necessários, em especial aqueles embargados, e para tanto foi montada equipe especializada e gerida de forma independente da equipe MUX. Assim, ficou garantido a necessária autonomia para garantir que os testes fossem executados com credibilidade e isenção.

Ao todo foram desenvolvidos:

  • Um colimador principal para levantamento das características ópticas da câmera. De altíssima precisão, e com compensação automática de ajuste de foco no vácuo, pressão atmosférica e estabilidade térmica, este equipamento único no Brasil, foi desenvolvido em 2006 e empregado em todo o programa. Hoje se encontra hoje nos laboratórios do INPE.
  • Esfera integradora, para calibração radiométrica da câmera, com todos seus equipamentos auxiliares de calibração , aferição e controle. Hoje este equipamento se encontra no INPE.
  • CGSE “Complete Ground Support Equipment”, capaz de realizar todos os testes opticos e eletrônicos para aferição da câmera. Também hoje no INPE.
  • Quatro projetores de cena, SGSE, destinados a testar a câmera quando integrada no satélite, hoje estocados na CAST China e LIT -INPE.
  • Completo laboratório de alinhamento, aferição interferométrica de frente de onda, MTF e demais características ópticas.
  • Camara de termo vácuo para testes ópticos em condições de vácuo espacial. Equipamento único no Brasil, desenhado e construído na companhia dada sua experiência nos ramos de máquinas evaporadoras em alto vácuo. Este instrumental permaneceu na OPTO Eletrônica e foi transferido para o acervo da OPTO S&D.

 

Mais de 190 ensaios em termo vácuo ópticos foram realizados validando todos os testes e a correção “ar=vácuo” funcionou conforme previsto.

Todas as câmaras lançadas no espaço MUX FM2, FM3, bem como WFI FM2 e FM3 foram testadas e validadas em solo usando os equipamentos acima, e ao serem lançadas no espaço não necessitaram de nenhum ajuste em orbita. Estão hoje todos operando no espaço com sucesso a bordo do CBERS 4 e CBERS 4A.

As figuras acima apresentam toda uma serie de equipamentos e ferramentas que foram desenvolvidas para as montagens e testes da MUX. Hoje a maioria destes equipamentos se encontram no INPE, para uso em outras missões.