AWFI

Advanced Wide Field Imager AWFI para Plataforma Multi Missão PMM Amazonia I

A câmera AWFI teve origem com concepção original da Plataforma Multi missão, família de satélites inteiramente nacionais concebidos pelo INPE ainda no inicio dos anos 2000. A primeira missão inteiramente nacional seria chamada Amazonia 1. Esta missão teria como objetivo monitorar a Amazônia, e para tanto, foi solicitado ao FINEP, em 2006, financiamento para gerar uma especificação de câmera multiespectral que combinasse a resolução próxima a obtida pela MUX, com o amplo campo de visada que a WFI tinha.

O estudo foi encomendado e o resultado foi a especificação INPE para a AWFI emitida em julho de 2008.

Uma licitação foi aberta para o desenvolvimento da câmera e a OPTO venceu a concorrência em dezembro de 2008.

A missão teria como objetivo monitorar a Amazônia, em quatro bandas espectrais, e o foguete lançador seria o Ciclone, produto da parceria Brasil Ucrânia, programa de cooperação bancada pela AEB, então de alta prioridade junto a AEB e em plena vigência.

A OPTO utilizando a experiente equipe já engajada na MUX e WFI pode fazer uma proposta arrojada, e Já em dezembro de 2009 foi realizado o PDR, e o projeto aprovado foi de uma câmera com três canhões, com 40m de resolução de campo de visada de 860km, a partir de orbita LEO. A AWFI continha uma série e inovações, e já seriam empregadas diversas tecnologias desenvolvidas no programa MUX FREE.

Com a provação do PDR a OPTO começou a construir o modelo EM, com vistas ao CDR. No entanto, houve extrema dificuldade de se obter o detector, e também os filtros espectrais. Como a OPTO já estava trabalhando no desenvolvimento dos filtros espectrais nacionais, e já tinha soluções MUX FREE em mãos, a OPTO assumiu a decisão de utilizar os próprios filtros no programa e iniciou um esforço paralelo para sua qualificação, com sucesso. E após intensas negociações, finalmente foram superadas as dificuldades com o fornecedor do detector, que concordou em reativar antigo modelo , já fora de linha, ITAR free, especialmente para a missão Amazonia I. Este modelo permitia uma serie de vantagens para o desenho da câmera e para a missão pretendida.

O projeto transcorreu normalmente até o CDR ser realizado em maio de 2011. No entanto, naquele momento, o acordo Brasil Ucrânia para o desenvolvimento do foguete Ciclone já havia naufragado, e a missão Amazonia teria que contar com outro foguete lançador.

O INPE procurou então outros fornecedores, e a decisão havia ficado entre um foguete chinês e outro foguete indiano. As especificações de comportamento destes ambos lançadores eram em muito diferentes do foguete do original Ciclone, e durante a apresentação do CDR, foi observado que os níveis de vibrações seriam muito superiores aquelas presentes na especificação original da AWFI. Naquele momento ficou evidente que o projeto aprovado no PDR e CDR não suportariam os níveis dos novos lançadores. Os novos lançadores tinham níveis superiores em até 10 vezes e seriam necessário um completo redesenho mecânico estrutural da câmera AWFI, bem como um redesenho da óptica para acomodar eventuais riscos de desfocagem decorrentes.

Intensos estudos foram feitos, inclusive foram avaliadas o uso de isoladores de vibrações entre o satélite e o foguete, e também entre a câmera e a estrutura do satélite.

Todos estes estudos foram conduzidos conjuntamente entre a OPTO e o INPE que culminaram com o envio uma solicitação formal pelo INPE de uma proposta visando aditivo contratual, com emissão de nova especificação consensuada para a câmera. A OPTO com base nas novas especificações propôs um aditivo que foi aprovado pelo INPE em dezembro de 2012, porem nunca foi assinado. A razão foi que o INPE havia recentemente sido impedido pela CGU de assinar quaisquer aditivos contratuais em quaisquer projetos, devido a discordâncias entre aquele instituto e o órgão mencionado quanto ao risco tecnológico dentro de contratos regidos pelo arcabouço da Lei 8666.

Sem aditivo contratual, porem sabendo que a especificação original não seria factível, a OPTO continuou com recursos próprios a desenvolver partes criticas do projeto, aguardando o INPE a resolver a questão com a CGU, até dezembro de 2014, quando já em sérias dificuldades financeiras, interrompeu o projeto e entrou em recuperação judicial.

Em dezembro de 2015, o INPE formalmente solicitou a OPTO para ignorar as novas especificações emitidas em 2012, retornando aquelas de 2008. A OPTO não tendo mais condições materiais e financeiras para continuidade, solicitou novo aditivo que foi recusado. O projeto foi então formalmente cancelado em dezembro de 2019.

Enquanto ao todo eram feitos mais de oito solicitações de aditivos contratuais, e a OPTO continuou com as atividade, até sua interrupção em 2016 com a venda da divisão. A construção do primeiro protótipo, EM1, completo e aprovado funcionalmente, hoje se encontra em posse da OPTO S&D do Grupo SAAB/AKAER. Todo o acervo técnico foi transferido, e se tornou base tecnológica de vários projetos posteriores em curso neste grupo.

A missão Amazonia I teve então escolhido o foguete lançador Indiano, e devido a esta razão, foi empregada a câmera WFI QM, que suporta aquelas especificações exigidas. O modelo WFI que subira no Amazonia I havia sido originalmente empregada como modelo QM do programa CBERS 3&4. Esta câmera também foi fabricado pelo Consorcio WFI , composto pela OPTO Eletrônica e Equatorial Sistemas. A Missão Amazonia I tem lançamento previsto em fevereiro de 2021.

Câmeras AWFI Amazônia-1, sendo avaliada por equipe do INPE, na sala limpa da OPTO em junho 2011.